A Islândia é muito única quando se trata de tradições de Natal e do folclore envolvente. Em vez do típico homem feliz e barbudo vestido de vermelho e branco a que estamos acostumados, os Papais Noéis da Islândia são constituídos por treze trolls liderados por sua mãe, uma ogra gigante chamada Grýla que gosta de comer criancinhas.
Estes trolls de Natal são chamados na Islândia de Yule Lads, eles vivem numa assustadora fortaleza de lava em Dimmuborgir, localizado na área de Mývatn no norte da Islândia. Desde a noite do 11 ao 24 de dezembro, um por um, eles partem da sua casa para se dedicarem a treze dias de traquinice. Todos eles são muito travessos e têm personalidades e características bastante diferentes, por exemplo, há um que gosta de bater as portas, outro que rouba velas, um que espreita pelas janelas, um que rouba salsichas, entre outros atributos muito distintos.
Desde 1950, é tradição na Islândia as crianças deixarem o seu maior sapato no parapeito da janela do quarto, treze dias antes do Natal. Os Yule Lads que estão vindo para a cidade visitam todas as crianças e deixam um pequeno presente para elas no sapato todas as noites. Se uma criança não se comportou bem nesse dia, ela vai encontrar uma batata crua no sapato, mas se ela teve um bom comportamento, o mais provável é que encontre algo doce, um item de roupa (como meias) ou algo para brincar.
Todos esperam receber dos Yule Lads pelo menos um par de meias antes do Natal, porque quem não conseguir nenhuma roupa nova, é comido pelo Gato de Natal! Os pais destes trolls – Grýla e Leppalúði – possuem um gato preto e terrível que aparece na noite de Natal e come as pessoas que não receberam nenhum presente contendo roupas, então para não ser comido pelo gato, é importante ganhar alguns presentes macios! Esta é uma forma de garantir que as crianças ficam felizes por receber roupa e assim não desejam só doces ou brinquedos. Este grande gato pode ser visto na praça Lækjartorg na altura do Natal em Reykjavik, tem 5 metros de altura e 4 metros de largura e brilha intensamente à noite com as 6.500 luzes led que o compõem.
A mãe Grýla é uma ogra gigante muito má e de feia aparência que come crianças mal comportadas, ela vem buscá-las, coloca-as no seu saco e depois cozinha-as no seu caldeirão transformando-as num guisado gigante que vai sustentá-la até ao próximo inverno. As crianças na Islândia crescem acreditando em algumas destas histórias e têm muito medo desta mulher gigante que é bastante retratada em muitas das sagas islandesas. Pode ser um pouco sombrio para alguns, mas faz parte da tradição do país e acredito que as crianças tentam comportar-se da melhor forma para evitar a aterrorizante Grýla.
O último troll que visita chama-se Kertasníkir (o pedinte das velas), ele chega na noite de 24 de dezembro e as crianças bem comportadas recebem o maior presente no seu sapato neste dia. Este é o dia principal, durante o dia as famílias aproveitam o tempo para entregar presentes, cozinhar o jantar, enfeitar a mesa, receber a família, morder chocolates e doces e quando o relógio bate as 18:00, o jantar é servido. A refeição varia entre famílias, muitas terão cordeiro defumado, outros rena ou peru assado, muitas vezes com entradas de salmão ou marisco. A bebida tradicional da época é o “Jólaöl”, uma mistura de cerveja de malte sem álcool com um refrigerante de laranja nacional. Depois do jantar, os presentes são abertos.
Algumas pessoas optam por ir à missa às 18:00 e depois jantar, mas também é possível assistir a uma missa à meia-noite na igreja local. A noite em casa é passada a explorar os presentes, jogar jogos de tabuleiro ou ler livros. Os livros são um presente comum de Natal na Islândia, uma vez que há dezenas de novas literaturas publicadas nesta época. E devido à grande quantidade de livros publicados nesta altura do ano, este fenómeno é chamado de Dilúvio do Livro de Natal. Os islandeses gostam de relaxar no sofá com o estômago cheio de um jantar delicioso e ler pela noite fora.
Durante o dia de Natal também é comum visitar cemitérios onde entes queridos descansam e acender velas ou luzes de Natal elétricas mais modernas. Estas luzes simbolizam a saudade e lembrança de quem não pode estar presente. Este costume mostra o quão importante é o papel da família na cultura da Islândia.
Após o Natal, os Yule Lads voltam para a sua casa em Dimmuborgir, um a um, na mesma ordem que chegaram até ao fim do Natal no dia 6 de janeiro, que é quando o fim das festividades é celebrado com fogueiras pelos arredores da cidade.
A equipa Atelier quer desejar a todos um Natal maravilhoso e como se diz em islandês: Gleðileg jól!

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