Imagina estares a vaguear pela noite e reparas no reflexo de um lago em frente a ti, ouves os ruídos do vento a ecoar à tua volta e no horizonte, até onde o teu olhar te permite captar, está uma imensidão de neve a cobrir a plana superfície que te envolve. Quando olhas para o céu, a escuridão é imensa mas está repleta de estrelas cintilantes em uma quantidade que não imaginavas ser possível. De repente, perdida pelo céu nórdico, uma luz verde começa a rasgar a escuridão e com uma intensidade que acresce vai-se expandindo, forma-se uma dança vibrante que começa num verde forte e funde-se em um roxo suave.
Hoje sabes que este fenómeno trata-se das auroras boreais, mas o que terão pensado os nossos antepassados ao verem este espetáculo misterioso formar-se sobre os seus olhos? Não é de admirar que as auroras façam parte das mitologias e lendas escritas por muitas culturas. Muitos viam-nas como um símbolo de mau presságio e desastre. Outros como uma dança dos Deuses e símbolo da vida.
A cultura nórdica tem diferentes e interessantes teorias sobre este fenómeno. Os nossos ancestrais islandeses associavam as auroras ao nascimento e acreditavam que ajudaria a mãe com as dores do parto, desde que esta não observasse o fenómeno diretamente porque assim a criança poderia nascer com os olhos cruzados. No caso da Gronelândia, estes acreditavam que as auroras representavam as almas dos bebés que não chegaram a nascer ou morreram no nascimento.
Os finlandeses justificavam o aparecimento das luzes como sendo resultado da corrida da raposa de fogo pela neve, que devido à sua rapidez, projetava faíscas para o céu com a sua cauda. Em finlandês a palavra para auroras boreais é “revontulet” que significa literalmente raposa de fogo.
Na Suécia, as luzes eram vistas como portadoras de boas notícias, acreditavam ser uma oferenda dos Deuses providenciado calor, luz e a promessa de um bom ano de pesca e alimento.
Na mitologia Nórdica, uma lenda sugere que as auroras eram o reflexo dos escudos e armaduras das guerreiras Valquírias que escolhiam quem morria em batalha e quem sobrevivia para lutar mais um dia. A mitologia também faz referência às auroras como sendo a ponte de Bifrost, o arco brilhante que guiava os guerreiros que perderam as vidas nas batalhas para o seu descanso final em Valhalla.
Em cada lugar, há culturas e pessoas que sempre contemplaram e imaginaram os significados destas luzes mágicas. Agora, em vez de imaginar, convido-te a vires viver este momento, ter a imensidão do céu sobre ti e vê-lo dançar.
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