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  • Sara Moniz

Festival do inverno

Parece que chegámos ao quarto mês e à metade do inverno de acordo com o antigo calendário nórdico, que é dividido em apenas duas estações - verão e inverno. Este mês chama-se "Þorri", homenageando o mitológico deus nórdico Thor, muitas vezes visto como a personificação do rei do inverno. O mês de Þorri é também um dos meses mais frios e duros do inverno.

As festividades começam no Bóndadagur (dia do marido) na primeira sexta-feira após o 19 de janeiro, este ano é celebrado a 21 de janeiro e termina aproximadamente quatro semanas depois no Konudagur (dia da mulher).

Na manhã do Bóndadagur, o homem da casa, bóndinn, é suposto dar as boas-vindas a Þorri, saindo de casa a saltar, vestindo apenas uma camisa e uma perna das calças, arrastando a outra atrás dele. Para tornar isto mais fácil para os seus bóndi, as mulheres devem estar especialmente atenciosas neste dia, mimando os maridos, namorados ou pais. A noção de masculinidade certamente mudou desde a chegada dos colonos ao país, mas este feriado adaptou-se com os tempos e continua a ser um dos favoritos entre os locais.

Depois das boas-vindas ao Deus do Trovão, a atenção de todos volta-se para a celebração! O que fazem os islandeses para sobreviver a um longo inverno? Claro que dão uma festa!

O festival do meio do inverno, chamado Þorrinn, era um festival de sacrifício pagão originalmente realizado para homenagear o Deus Thor. Þorrinn foi abolido quando o cristianismo foi introduzido na Islândia. No entanto, durante a luta pela independência da Dinamarca no século XIX, jovens islandeses que estudavam em Copenhaga decidiram reviver o antigo costume do Þorrablót (Celebração do Sacrifício), reunindo-se para comer as tradicionais comidas islandeses, cantar canções antigas e sonhar com uma Islândia independente. A prática espalhou-se pela Islândia no ano seguinte, tornando-se rapidamente um importante festival anual de celebração de inverno homenageando não só Thor, mas também os antigos costumes islandeses.

A comida servida no Þorrablót é pesada para os paladares de alguns visitantes do país, mas esta festa é tão imersa na tradição dos locais que a diversão é sentida por todos, não interessando o aspeto de alguns pratos.

As festas do Þorrablót são o elemento central de Þorrinn. Ao longo do mês, as famílias reúnem-se para partilhar iguarias tradicionais, incluindo hákarl (carne de tubarão fermentado), svið (cabeça de ovelha cozida), hrútspungar (testículos de carneiro) e kjötsúpa (sopa de carne de borrego). Este menu tradicional reflete alguns métodos de conservação de alimentos que eram vitais antigamente para sobreviver a um inverno islandês. A bebida preferida para brindar ao deus do trovão é o famoso schnapps islandês Brennivin, que é feito de batata, o nome significa "morte negra". A música tradicional, dança, jogos e contos de histórias completam a noite, que muitas vezes pode durar até às primeiras horas da manhã seguinte.

Muitos restaurantes locais entram no espírito da época adicionando pratos especiais aos seus menus. Os supermercados também disponibilizam as iguarias tradicionais para famílias que desejam celebrar em casa. As empresas e repartições públicas organizam refeições de confraternização em suas cantinas, isto pode ser encontrado na maioria dos centros das cidades da Islândia.

Após quatro semanas, entramos no quinto mês de inverno de acordo com o antigo calendário nórdico, este começa num domingo entre os dias 18 e 24 de fevereiro (chama-se Góa) e no calendário tradicional islandês esta é a celebração de Konudagur (dia da mulher). Esta será a oportunidade de retribuir todo o carinho do Bóndadagur às esposas, namoradas e mães!

O islandês é bem otimista e acostumou-se a ver o copo meio cheio. Então, festeja a metade do inverno porque o dia já tem mais de quatro horas de luz e daqui a mais dois meses, em abril, o verão chega. O tempo de claridade agora é maior, exatamente 6 minutos por dia e cada 6 minutos é motivo suficiente para celebrar.


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